segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Na pequenez de uns...

...se reconhece a grandeza de outros.


Decorria o minuto 85 do FC Porto x Belenenses, que os da casa venciam por 2-0, quando muitos dos seus adeptos começaram a cantar o já habitual cântico de insulto ao seu maior rival, o Sport Lisboa e Benfica. Lembro que a equipa da capital nada tinha a ver com este encontro...

domingo, 24 de agosto de 2008

Ready, set, GO!



E à primeira jornada, recomeça o choradinho. Paulo Bento praticamente acusa o árbitro auxiliar de prejudicar deliberadamente o seu Sporting. Não colocando em causa o facto do lance em que foi assinalada a grande penalidade ser fora da área (não vi, mas a generalidade dos comentários ao jogo aponta nesse sentido), é um tanto ou quanto rebuscada a teoria de que o auxiliar acreditaria que uma grande penalidade contra o Sporting, numa altura em que os verde-e-brancos venciam por 3 golos sem resposta frente ao recém-promovido Trofense, fosse provocar uma reviravolta no marcador.
E falo apenas da grande penalidade porque Paulo Bento aceita a expulsão de Polga nesse lance...

sexta-feira, 8 de agosto de 2008


Depois da edição experimental, na época passada, surge agora a 1ª Edição do Campeonato Nacional de Blogues. Para quem não sabe o que isto é, pode ver aqui a descrição.
Entretanto, já encerraram as inscrições, foi feita a divisão dos blogues pelos 2 grupos e definido o respectivo calendário. Como poderão ver aqui, o Fairplay Blog está entre os seleccionados para este concurso.

Para acompanhar por cá...

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Carta aberta ao presidente do Benfica

Tal como o post anterior, é longa mas vale bem a pena...

Carta aberta ao

Sr. Presidente do Sport Lisboa e Benfica

Sr. Presidente do Conselho de Administração do Sport Lisboa e Benfica SAD, SA

Eu sócio número 11346 do Sport Lisboa e Benfica e accionista da SAD venho dirigir-me a V. Exas manifestando o meu descontentamento pela gestão desportiva do Club e da SAD achando-me no direito de reclamar a atenção para um conjunto estranhamente harmonioso de factos justificativos de (pelo menos aparentemente) incapacidade de gestão do nosso grandioso clube.

Esteja V. Exa. descansado que as minhas capacidades económicas não permitirão gerir um processo de reclamação judicial por danos morais e materiais (especialmente os primeiros) - conforme segundo consta o Comendador Joe Berardo terá colocado contra a ex-administração do BCP - que esta gestão, pelo menos aparentemente, danosa do clube e/ou SAD tem-me provocado. E portanto, limitar-me-ei ainda que desta forma escrita e aberta a pedir informações sobre alguns dos factos que têm surpreendido a família benfiquista e que extravasam a normal diligência e compreensão de um «bom pai de família».

Os acontecimentos mais recentes mais uma vez vêm demonstrar que o «filme» se vai repetindo ano após ano e importa pôr cobro definitivamente.

Então vamos directamente aos assuntos que me trazem aqui:

1º - Sabe V. Exa. que, nas modalidades colectivas, o Benfica na época finda foi campeão nacional no Andebol e no Futsal. Ironia do destino os treinadores campeões destas modalidades foram despedidos. Para além do que perpassa pela comunicação social relativamente ao suposto «mau feitio» destes treinadores não conheço outro motivo a não ser a respectiva competência dos mesmos. Parece assim, tratar-se da aplicação de um princípio de «gestão por objectivos / resultados» só que, com estranha aplicação. Os que ganham é que são mandados embora. No mínimo importaria dar a conhecer os motivos tão gravosos que ditaram o afastamento destes treinadores. Infelizmente noutras modalidades incluindo o futebol muitos agentes desportivos com quem gastámos e continuamos a gastar muito dinheiro e que demontram, com uma regularidade surpreendente não terem a qualidade e capacidade para defender os interesses do nosso clube neste permanecem!

2º. - Mas vamos ao futebol, que em termos mais imediatos me levou a escrever a V. Exa. Na época desportiva 20045/2006 o Benfica esteve até ao final da época a disputar o título de campeão nacional que lhe fugiu nas últimas jornadas no sprint final e porque se tornou evidente que o clube não tinha «banco». Teria bastado uns poucos ajustamentos com a contratação de alguns jovens jogadores para entrarem progressivamente na equipa e constituírem o tal «banco» para que a equipa do Benfica pudesse estar na linha da frente de disputa das principais provas desportivas, pelo menos ao nível interno.

3º- No entanto, já em fase de avançada programação da época V. Exa. decidiu «vender» o nosso melhor jogador Simão Sabrosa (que ao que julgo saber tinha uma cláusula de rescisão de vinte e cinco milhões), por vinte milhões e uns supostos contrapesos de opções de jogadores (não confirmados até à data presente), ao Atlético de Madrid.

4º. O pior é que esta venda provocou um autêntico cataclismo na formação da equipa. Para além da saída de Simão o Benfica que tinha um direito de opção por Miccoli que poderia ser exercido por cinco milhões não o exerceu e, asssim perdeu outro dos jogadores de maior categoria que o plantel tinha.

5º. Ainda na mesma época já antes havia sido comprado o Cardozo (e esfumou-se com a venda de Simão uma grande parte do goodwill desta aquisição pela perda de sinergias que uma presença Simão-Cardozo possibilitaria) e seguiu-se depois a compra de uma carrada de jogadores que, naturalmente, dissipou os vinte milhões auferidos. Desses jogadores, quem é que se lembra deles? Bergessio, Butt, Fábio Coentrão, Stretnovic, Zoro, Di Maria, Freddy Adu, Maxi Pereira (o único que à data presente ainda se mantém no plantel) um outro para o meio-campo que já nem me lembro o nome e que nunca fez um minuto em jogos oficiais … foi uma batelada deles… O melhor foi Christian Rodriguez emprestado… nesta época jogador do rival FC Porto. E salvou-se Di Maria, sem ainda atingir o potencial sugerido.

6º. – A esta confusão total surgiu a referente ao nosso jogador Manuel Fernandes que começou por integrar o grupo de trabalho para depois voltar a sair.

7º- Naturalmente, o treinador Fernando Santos, vendo todo o planeamento prejudicado por esta revolução, ia fazendo o que podia e não pôde, nem deixou de poder, muito ou pouco, porque foi despedido logo após um empate com o Leixões no jogo de estreia no campeonato.

8º- Foi contratado Camacho aclamado quando chegou, pela generalidade dos adeptos, mas que devido ao seu perfil psicológico, dificilmente poderia ser uma solução estável de futuro. E foi o que se viu. Deixou o clube com a época desportiva em curso ainda no 2º lugar mas com o campeonato perdido e praticamente eliminado da Uefa após derrota caseira.

9º. Antes ainda da saída de Camacho, na época de Janeiro contrataram-se mais uns quantos: Sepsi e Makukula…

10º. - Sepsi já foi emprestado e Makukula ao que se diz está em risco de sair do plantel. Pois fico pasmado quando li na imprensa que a sua contratação ao Marítimo custou mais de 4 milhões! (de facto o comunicado à CMVM fala de 3,5 milhões ao Sevilha, mas consta da imprensa que o Benfica ainda teve de indemnizar o Marítimo).

11º . Após o despedimento do treinador, o que é que foi feito de seguida? Ter uma postura agressiva e contratar um novo técnico de capacidade ainda para a época em curso tentando salvá-la através da obtenção de um lugar de acesso na Liga dos Campeões da época seguinte? Ou em alternativa, ser mais moderado e conservador, reconhecer que a época estava perdida, arranjar uma solução transitória, mais ou menos caseira, e preparar atempadamente a época seguinte?

12º- Pois nem uma coisa nem outra. A equipa esteve ao «Deus dará» e os factos confirmam a época seguinte não foi preparada devidamente.

13º. Já nem falo na ineficiência da gestão quanto ao futuro director desportivo Rui Costa anunciado como tal quando ainda era jogador… E em que medida isso teve grande contributo no 4º. lugar obtido?

14º- O novo treinador só foi conhecido há pouco tempo e pior do que isso, vê-se pelos jogos de preparação que nem sequer conhece os jogadores (quanto mais as suas características?) que o clube tem.

15º. Jogadores essenciais da época passada e da coluna vertebral da equipa saem: Rui Costa (por limite de idade, quanto a isto é a lei inexorável da vida), Christian Rodriguez… (um dos melhores se não o que teve melhor rendimento) e agora Petit!!!

16º. Até posso entender «doar» o Butt que chegara a custo zero para sair ao mesmo custo. Até porque nada confirmou nos jogos que fez na Taça da Liga.

17º. Agora como é possível «doar» Petit? O Benfica SAD que se ponha a pau que o Ministério das Finanças ainda vai cobrar imposto de selo, por causa desta doação!!! O Benfica que só tem três jogadores na selecção nacional: Quim, Petit e Nuno Gomes, dá-se ao luxo de oferecer Petit porque isso poupa salários - o salário do Zoro, esse preocupa pouco.. - ?!!!!.

18º- Ninguém percebe que Petit só vai ganhar o dobro do salário para o Colónia porque custou zero ao Colónia? Que há uma efectiva transferência indirecta do Benfica para o Petit ?

19º- Se o Colónia pagasse o «justo valor» da transferencia, estaria disposto a pagar o dobro dos salários ao Petit?

20º- Quem é que ficou a ganhar aqui nesta história muito mal contada? O Benfica é uma insituição de solidariedade ou é uma sociedade anónima desportiva com o capital aberto ao publico e cotada na Bolsa de Valores?

21º. Quem é o jogador que vai substituir o Petit no onze titular? Ainda vai ser comprado um? Binya - temo que não jogue mais de um terço dos jogos por castigo- ?

22º- Porque carga de água não preferem doar o Edcarlos e o Luís Filipe por mais asneiras atrás de asneiras que façam, jogo após jogo? Para esses sairem eu estou disposto até a pagar alguma coisa!

23º - Então não exerceram a opção de compra pelo Miccoli que custava cinco milhões de euros no máximo, mas nesta época já ofereciam seis milhões ou mais para o reaver?!

24º- Então não compraram o Aimar (até agora, em princípio, a melhor contratação) por indicações do treinador, um jogador tipicamente de organizador do jogo e o treinador logo põe-no a jogar como o mais avançado da equipa no jogo com o Sporting (tendo Makukula, Nuno Gomes e Cardozo disponíveis para jogar a avançado?) . Esta opção do treinador e testes de Jorge Ribeiro a médio direito faz-me desconfiar que vamos ter mais uma época desastrada…

25º- Então estas contratações de Ruben Amorim e Jorge Ribeiro foram avalizadas ou não pelo novo treinador?

26º- E continuam jogadores em número excessivo em quantidade e em número insuficiente em qualidade a trabalhar com o treinador … mas um dos que tem maior potencial – Fábio Coentrão (quem é que já se esqueceu daqueles dois golos no Estádio do Dragão?) – foi logo despachado?

27º - Porque se continua a fazer a preparação da equipa com jogadores que estão sempre a ser falados irem ser dispensados? Nuno Assis um dos melhores nos jogos feitos é constantemente associado ao Vitória de Guimarães. Afinal está-se a treinar o quê. Ou fica ou parte... É tempo de se tomarem as decisões. O campeonato começa daqui a duas semanas!

28º- Outra pergunta agora ao nível técnico. Para que foi V. Exas. contratar o treinador Diamantino para a equipa técnica 2008/2009 se logo o treinador principal contratado diz que não o quer a treinar? Há alguém no clube que diga uma coisa de manhã e volte a dizer o mesmo à tarde, ou as coisas estão sempre a mudar e a navegação é à bolina?

29º- Com este tipo de gestão mais uma vez temo que o Benfica à 5ª. jornada esteja irremediávelmente arredado do título face aos importantes compromissos com os rivais nas primeiras jornadas do campeonato e ao atraso irrefutável de preparação da equipa relativamente a estes.

30º. E não é a recente vitória no Torneio de Guimarães que me engana. Porque as limitações e ausencia de equipa/colectivo foi visível mais uma vez. Onde se viu um adversário, aliás, também mais fraco do que o ano passado, ter 12-1 em cantos num jogo de futebol contra o nosso clube?

31º. Diga o Sr. Presidente o que se pensa fazer com jogadores como Katsouranis, Luisão ... que constantemente são falados como possíveis saídas do clube.

32º. Fora da gestão mais directa da equipa de futebol outro assunto merece-me abordagem e mais uma vez o Benfica demonstrou inabilidade - conclusão que se tem de fazer em função dos resultados, e os resultados é que contam! Na verdade, o nosso clube postou-se na linha da frente em querer o desenvolvimento da apreciação na justiça desportiva dos diversos dossiers relacionados com as «influências» ilegítimas sobre as arbitragens- pelo que, aliás, sofreu nos últimos anos bem visíveis danos desportivos -. Admito que se assim não fosse tudo continuaria escondido. No entanto, não obstante toda a prova e decisões tomadas pelos orgãos competentes, o Benfica não logrou obter vencimento das suas posições relativamente ao dossier relacionado com a presença do nosso adversário FC Porto na «Champions League».

33º. - Seja com manobras dilatórias, com argumentações falaciosas - decisão não transitada em julgado apesar de não ter recorrido ?! - com o auxílio de opiniões jurídicas provenientes da Federação (fossem ou não vinculativas deste orgão) que serviram para baralhar a Uefa, ou com estapafúrdias manobras ditatoriais no Conselho de Justiça, agora finalmente postas a nu com o Parecer do Prof. Freitas do Amaral (se isto é assim no orgão máximo da jurisdição futebolistica nacional, como é que não seria nos outros orgãos ? ), ou seja com todos os trunfos pelo seu lado, nem assim o Benfica «ganhou o jogo» e fez vingar a sua tese de afastamento do Porto da presença da Champions!!!

34º. E mais uma vez tratou-se de uma derrota claríssima do nosso clube. Porque nestes campos extra-competitivos ou «compete-se e é para ganhar», ou «não se faz a inscrição». Ou seja o Benfica «inscreveu-se», gastou muito dinheiro e desgaste e acabou derrotado! Pior ainda a figura que o senhor presidente fez ao, depois de derrotado, dizer que afinal o Benfica não participaria na Champions League se ganhasse! O Sr. Presidente com a sua idade ainda precisa que lhe conte a fábula da raposa e das uvas?

Sr. Presidente, vai longa esta exposição. Não estou por dentro dos meandros do clube que me permita conhecer coisas eventualmente justificativas desta trajectória muito pouco linear e compreensível à luz da inteligência de um cidadão normal. O que peço é que dê justificações para esta trajectória (sem aparente rumo) ou demonstre então que a mesma faz parte de um plano bem concertado e é fruto de uma inteligência bem superior à minha...

Porto, 6 de Agosto de 2008

in Notinhgandall

O Ano Horribilis e o apito encarnado que ninguem investiga

É longo mas vale (mesmo) a pena:

«Não sei bem porque motivo, talvez por sentir uma imensa injustiça, que tem pairando sobre o mundo do futebol Nacional, dou comigo a escrever este artigo.
Todos sabem que o conto do Apito-Dourado partiu de um clube, que não tendo qualidade Desportiva para se bater de igual para igual em campo, construiu ardilosamente esta cabala, que todos conhecem, nascendo com o célebre Dossier, até os dias de hoje.
Só os fanáticos desse clube, continuam a acreditar, que toda esta história tem fundamento!
A cegueira é tal que até atribuíram tentativa de corrupção num período da vida do FCPorto de excelente perfomanse, ou não tivessem ganho nessa altura a Taça dos Campeões Europeus!
Claro que para os indefectíveis fanáticos, até este percurso Europeu foi sujeito a corrupção!
O Senhor Procurador Geral da República resolve estruturar um departamento praticamente autónomo, para deslindar este teórico caso de eventual corrupção no Futebol Nacional!
Ao fim de longos meses, é escolhido como exemplo de tal crime um jogo que por ridículo que pareça o FCP até empatou e onde o relatório técnico de apreciação à actuação do árbitro inclusive indica (está escrito) que o FCPorto foi prejudicado. Mas porquê este jogo? Simplesmente porque a concubina do Presidente do FCPorto, agora desavinda e desentendida com este tentou chantageá-lo mas como não conseguiu, procurou refugio onde sabia que teria todo o acolhimento.
Aí acarinhada e protegida (qual galinha de ovos de ouro) é aconselhada e lança a maior campanha de intoxicação contra Pinto da Costa, como revanche pessoal e passional, associada à sede do agora é que vamos acabar com ele, por parte do clube acolhedor da concubina! Toca a prestar declarações avulsas a torto e a direito,inclusive ás autoridades do ECPAD, sendo apadrinhada claro está pelo presidente do clube mentor da cabala. Para além do livro adulterado, até um filme fizeram.

Tudo continua como começou, com uma revolta muito grande por falta de equidade de quem a deveria demonstrar e ter como lema de JUSTIÇA a IMPARCIALIDADE mas o ECPAD de Maria J Morgado só tem olhos para Pinto da Costa.
Todas as vigarices, descaradas e públicas, patrocinados pelo presidente do clube mentor da cabala contra o FCPorto, para o ECPAD não existem…….Só o FCP é que é o alvo com o seu Presidente, neste caso digo eu, ” é preferível uma mulher certa no lugar certo, que um bom jogador.”
Por isso meus caros Futeboleiros só para alguns naturalmente, vou deixar à vossa consideração aquilo que acho que o FCPorto, depois de encurralado e injustiçado por todos, ou seja: MP, PJ, LIGA, FPF, e fundamentalmente pela Imprensa escrita e televisionada, deveria ou deverá no meu entender apresentar com carácter de URGÊNCIA para análise do departamento conveniente da UEFA o seguinte:
ENCARNADO E AMARELOAs cores da honestidade desportiva

No ano horribilis de 2005 aconteceu aquele que foi o maior roubo da história do futebol português e curiosamente ou não o produto desse assalto foi mais uma vez para os bolsos do mesmo clube de sempre. Mas já lá vamos.

Decorria o ano de 1999 quando Luís Filipe Vieira, à época Presidente do Alverca pensou na melhor forma de entrar no Sport Lisboa e Benfica e com isso atingir o grau de notoriedade financeiro e pessoal que essa função trás. Para conseguir esses objectivos e como estava associado a uma “amizade” com Pinto da Costa tratou de inventar um testa de ferro de seu nome Manuel Vilarinho. Mas para isso teria primeiro de arredar João Vale e Azevedo da presidência do clube encarnado. O advogado que tinha granjeado grande apoio da massa associativa muito por força do seu discurso populista anti-porto, era um empecilho, uma pedra no sapato. Roubar o Benfica nunca foi problema para ninguém a não ser quando alguém quer tomar o lugar que proporciona em Portugal mais vantagens do que ser Presidente da República. Começam então as manobras de bastidores que levaram à prisão de Vale e Azevedo por alegados e mais tarde provados (?) desvios de dinheiro. Mas deixemos essa vertente da conspiração para os outros – o que nos interessa aqui é apurar outras jogadas extra-desportivas. Afastado Vale e Azevedo era altura de colocar na presidência o seu testa de ferro – nada mais fácil depois de uma autêntica guerra na imprensa onde começaram a aparecer as mais variadas provas contra o advogado. A opinião pública e o universo benfiquista estava assegurado - Vale era um ladrão… Manuel Vilarinho é eleito em 2000 com o apoio de Luís Filipe Vieira, presidente do Alverca – clube satélite do Benfica, cargo que acumulou com o de director do SLB até meados de 2003 ainda que com funções um pouco nebulosas. Durante esses três anos de mandato de Vilarinho foi notório que quem mandava de facto era LFV e já se sabia de antemão que era uma questão de tempo até este subir ao poder.

Entretanto, e como presidente do Alverca, LFV foi fazendo jogadas de charme para com os associados benfiquistas de forma a que o seu passado com o cachecol azul e branco fosse rapidamente esquecido. Atacou o FC Porto, o seu presidente, os adeptos azuis e brancos e como cereja ofereceu Pedro Mantorras ao SLB . O jogador que com 17 anos jogava com uma enorme pujança física no Alverca e que segundo LFV valeria 90 Milhões de euros. De outra forma seria impossível que este empresário ligado às mais diversas actividades económicas (…) fosse eleito em 2003 depois da desistência de Vilarinho em continuar o projecto a que se tinha proposto. Não surpreendeu o sentido de voto. Dizia Vilarinho, que para tornar o Benfica campeão, só com um homem como LFV nos comandos do clube encarnado. Os adeptos sedentos de vitórias concordaram e assim começou “oficialmente” o reinado.
Poderíamos escalpelizar os contornos duvidosos da transferência do angolano para a Luz, as contas que ficaram por saldar com a SAD ribatejana, a constituição de uma SAD que beneficiou todos menos o próprio Alverca, os jogos deste clube de 1999 a 2003 com o Benfica e outras histórias que circulam nos corredores do futebol português, mas aqui a questão é voltarmos ao primeiro parágrafo deste texto – “se tivesse existido verdade desportiva estaríamos seguramente a um pequeno passo de festejar o hexa”.

Dois anos depois de ter chegado à presidência do SLB, LFV já desesperava por não conseguir cumprir a principal promessa eleitoral – o titulo nacional de futebol. O de futsal já era uma realidade mas não chegava sequer para promessa…apenas para LFV aparecer de tronco nu perante as câmaras de TV…

COMEÇA O ESTORILGATE

Lembrou-se então de convidar José Veiga, que há muito tinha sido desmascarado por PdC como o homem que fez fortuna com uma “pá de pedreiro”. José Veiga era à época presidente da SAD do Estoril-Praia, clube que tinha descido à 2ª Divisão B mas que desde que entrou no clube, este teve uma subida meteórica até à 1ª Liga. Veiga utilizava o clube canarinho como porta de entrada e saída para muitos jogadores brasileiros. Foram feitos muitos negócios mas nenhum beneficiou financeiramente o Estoril – recorde-se que Veiga também era o dono do Bom Sucesso, um pequeno clube brasileiro. Lembro-me de ver o Estoril-Praia a jogar bom futebol mas a ser sistematicamente ajudado por factores a que muitos chamavam de "sorte". A verdade é que o Estoril subiu de divisão e Veiga é convidado para o Benfica. Contudo os regulamentos não deixavam que este acumulasse os dois cargos – o de presidente e accionista da SAD do Estoril com as de director desportivo do Benfica. Nada mais fácil de resolver – LFV já tinha feito o mesmo com o Alverca na época de Vilarinho – e vendeu a sua participação a três empresas inglesas que nunca se soube muito bem a quem pertenciam e que tinham sede social em paraísos fiscais. Resolvida essa questão com a estranha conivência da CMVM e da Liga presidida por Valentim Loureiro eis que Veiga entra no Benfica – começava então a época das beijocas.Estávamos em 2005 e o FC Porto tinha acabado de conseguir tudo aquilo que LFV tinha prometido aos adeptos benfiquistas – domínio em termos europeus, a conquista de provas internacionais, a espinha dorsal da Selecção Nacional…

LFV tinha obrigatoriamente de “fazer as coisas por outro lado” e Veiga era a peça chave do seu plano. No Estoril, este já tinha provado que mais do que ninguém conseguia mexer os cordelinhos das nomeações, dos sumaríssimos, das promessas vãs a jogadores adversários e como extra o Benfica teria menos um adversário no campo – o Benfica começava o campeonato com 6 pts a mais do que os restantes adversários. O Estoril era na teoria o Benfica B.
Em troca, Veiga decidiria qual o treinador e teria controlo absoluto sobre transferências ganhando com isso as habituais comissões mas sobretudo a protecção de se trabalhar para o Benfica. Recorde-se que Vale e Azevedo apenas foi preso depois de ter saído do clube e apenas quando isso deu jeito aos da sua laia.

O campeonato foi um autêntico desfile de ladrões equipados de negro. Trapattoni é um senhor do futebol e sabe imenso da poda, mas o seu desconhecimento do futebol português aliado a uma equipa medíocre onde pontificavam jogadores como Karadas , Delibasic , Everson , Carlitos, Sokota , Bruno Aguiar entre outras pérolas da arte de bem jogar futebol era manifestamente muito pouco para almejar o titulo. Mas, e já dizia o Carlos Cruz – existe sempre um mas - com Veiga e as suas beijocas aliado a um ano atípico do FC Porto com três treinadores tudo seria possível. E foi.

Entre muitos roubos de igreja, foquemo-nos nos dois jogos com o Estoril de Veiga.
Na primeira volta, no jogo disputado na Luz os jogadores canarinhos ainda não tinham bem noção de quem é que lhes pagava os ordenados e fazem uma primeira parte em que dominam o Benfica. Chegado o intervalo, foi tornado público por Paulo Sousa (emprestado pelo Boavista) que Petit exigiu que estes abrandassem o ritmo de jogo e que deixassem de meter o pé. Paralelamente, o árbitro do desafio recebia uma camisola do SLB como “recuerdo” durante esse mesmo intervalo. A cama estava feita e o homem de negro até calçava botas com o símbolo da águia. Tudo coisas normais de acontecerem numa competição profissional. Espanta-me que o apito não tivesse também ficado em casa. O Benfica acabou por ganhar o jogo e recordo a indignação de parte do plantel e equipa técnica do Estoril no final do encontro.
A roubalheira espalhou-se por todos os campos em que o Benfica jogava e a par de 1994 foram muitos os jogos ganhos depois do tempo regulamentar ou com as célebres faltas apitadas ao contrário ou penalties e fora de jogo fantasma.Ainda assim, o Benfica jogava mal e tinha muitas dificuldades para vencer. O FC Porto conseguia chegar à recta final do campeonato colado aos encarnados e o xeque-mate de Veiga seria feito aquando da visita do SLB à Amoreira, num campo tradicionalmente difícil para os grandes.

Veiga já estava avisado que Litos e Carlos Xavier tentavam blindar o balneário canarinho das influências patronais e decide dar ordens à administração do Estoril presidido por António Figueiredo (ex-dirigente benfiquista) para que este aceitasse a “sugestão” de o desafio ser jogado no Algarve. A administração estorilista acede com a naturalidade de um empregado que acata as ordens patronais e informa o plantel disso mesmo. O jogo era marcado para o Algarve com a anuência da Liga.(Cunha Leal)

Porém, Litos, Xavier, sócios e alguns jogadores nucleares do clube da linha reclamam da decisão alegando que o Estoril precisava de pontuar para se manter na 1ª Liga e que jogando no seu campo as hipóteses de somar pontos seriam naturalmente maiores. Nada feito. As ordens estavam dadas e o argumento ia no sentido de que era a única forma de os ordenados em atraso serem pagos. Era mais importante o aspecto financeiro do que o desportivo mas a verdade é que a descida de divisão trazia muito mais problemas económicos do que o não pagamento dos ordenados, mas como a questão dos vencimentos já tinha sido acautelada meses antes, naquela que foi a preparação psicológica para que os jogadores sentissem mais do que nunca a necessidade de receber dinheiro para pagar as contas…o desespero financeiro de alguns seria mais forte do que a sua moral desportiva.

Litos e Xavier não se calaram e Veiga tinha um problema para resolver em plena semana de jogo. Os treinadores canarinhos utilizavam diariamente o escândalo de terem que ir jogar ao Algarve para motivarem o plantel para o jogo das suas vidas, fazendo ver a estes que a vitória era o único resultado positivo para calarem os rumores de pressão externa e que ficando na 1ª Liga seria vantajoso para todos a nível desportivo – um jogador que desce tem menos chances de fazer bons contratos do que aqueles que conseguem a manutenção.

Veiga decide enviar um familiar trajado de capanga ao Estoril e este irrompe pelo campo durante um treino. É a revolta de Litos e Xavier que conseguem expulsar aquele que mais tarde acaba por se encontrar com alguns jogadores no Bar do Campo situado na parte exterior do Estádio da Amoreira.Enquanto a grande parte dos intervenientes guarda para si as indicações do emissário de Veiga, existiram dois jogadores que falaram com a equipa técnica relatando o sucedido durante o almoço bem regado. Reza a história de que alguns teriam tido a promessa de envergar na época seguinte a camisola encarnada ou no mínimo de ingressar em clubes de maior nomeada pela mão daquele que já tinha sido o principal empresário do mundo – José Veiga.


Chegado o dia de jogo aconteceu aquilo que todos sabemos. Os jogadores do Benfica jogavam em casa perante 30000 benfiquistas ávidos de interromper o jejum de 11 anos e o Estoril teria que enfrentar duas equipas e meia – o adversário, os homens de negro e metade da sua própria equipa.Surpreendentemente o Estoril coloca-se em vantagem ainda que aos 25 minutos um dos jogadores presentes no almoço já tivesse sido expulso. O jogo vai para intervalo e a segunda parte trás mais do mesmo, com um Estoril aguerrido pela enorme disponibilidade moral de jogadores como Dorival , Abadito , Jorge Baptista, Elias, João Pedro e Torres. O resultado teimava em manter-se apesar da ajuda de Hélio Santos para empurrar o SLB para dentro da área do Estoril.
Depois de muita pressão, Luisão marca o golo do empate aos 75 minutos mas não chegava pois o FC Porto continuava muito perto. Aos 78 minutos Hélio Santos expulsa o avançado João Paulo que tinha rendido Moses aos 55 minutos. O Estoril passava a jogar com 9 jogadores e foi com naturalidade que assistimos ao golo de Mantorras 4 minutos depois.
O resultado de 1-2, a exibição dos árbitros e alguns jogadores do Estoril confirmavam os maiores receios de quem queria acreditar em justiça desportiva. Tinha sido notória a anormalidade de certas jogadas.

No final, Litos diz tudo o que lhe veio à cabeça perante um grupo de jornalistas que não escondiam a alegria de ver o Benfica perto de ser campeão 11 anos depois. No dia seguinte as capas dos jornais falam em festa do futebol e esquecem as manigâncias do desafio. Dias depois, Litos esclarece que foi ameaçado de despedimento por Veiga.Mas como, se Veiga não tem ligações ao Estoril? Perguntavam algumas inteligências jornalisticas.

A verdade é que o Benfica foi Campeão Nacional, o Estoril desceu de divisão, os ordenados não foram pagos, Litos e Xavier foram mesmo demitidos e Rui Duarte, Paulo Sousa, Moses , Cissé Fellahi , Amoreirinha e Yanick não foram para o Benfica à imagem do que aconteceu noutras alturas com jogadores como Nuno Assis, Fonte, Marco Ferreira…Durante toda a época de 2004/05, os dirigentes do Benfica foram vistos e ouvidos a combinarem nomeações de árbitros, a terem menos adversários do que os restantes competidores, jogando duas vezes em casa, a almoçar e a jantar com intervenientes do jogo, a oferecer beijocas e empregos em algumas empresas ligadas ao Benfica e seus dirigentes…tantas coisas que daria um texto maior do que este.

Nada serviu para fazer Maria José Morgado reabrir processos que já tinham sido arquivados apesar das provas e testemunhos de pessoas credíveis. A CMVM decidiu 3 anos depois multar Veiga com a quantia “astronómica” de 30 000 euros por ter ficado provado para esta que o “senhor das beijocas” teria tido participação numa sociedade aberta e outra cotada sem ter feito a declaração disso mesmo.

A imprensa reagiu a este escândalo com pequenas notícias ou notícias nenhumas.

O MP assobia para o ar.

A imprensa assobia para o ar.

Para todos os efeitos, o apito encarnado não existiu. Ou será apito de cristal? Não interessa. Não existiu. Não existe.Existirá?

Por Fernando José Tavares »
In Futebolar http://futebolar.portugalmail.pt/artigo/20080805/vieira-veiga-estorilgate-e-outros-que-tais